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Filmes de golfe para tardes de chuva
Crónica

Com o tempo a arrefecer e a chuva a apertar reabre a época do cinema em casa

A verdade é que muitos de nós já sentiam saudades daquelas preguiçosas tardes de outono passadas a ver um filme. Já que o vamos fazer porque não juntar o útil ao agradável e ver filmes com golfe? Para ajudar, selecionei alguns dos melhores mas antes de chegar ao top 5 vale a pena mencionar três dos mais recentes contributos:

The Short Game é um documentário que acompanha oito dos participantes do U.S. Kids Golf World Championship de 2012. O filme começa seis meses antes do torneio e segue estes pequenos prodígios até ao putt que decide o vencedor. O espectador é imerso na vida de sacrifício e de inocente felicidade destes mini atletas de alta competição. A par de treinarem longas horas e de ambicionarem serem os próximos fenómenos mundiais o filme retrata a, por vezes, tensa relação que este ambiente gera entre pais e filhos.

Seve acompanha a carismática vida e prematura morte do lendário Severiano Ballesteros. Num estilo que se aproxima do utilizado no documentário Senna, sobre o piloto de Formula 1. O realizador mistura imagens de arquivo com uma representação, algo telenovelesca, da infância pobre do jogador. Seve, não é um grande filme e está certamente mais direcionado para os fãs de Ballesteros mas vale a pena celebrar o mito.

The Squeeze é o mais recente filme desta lista e um típico produto de Hollywood. Baseado numa história verídica, tudo começa quando um jogador (de casino não de golfe) descobre um jovem fenómeno (esse sim do golfe), numa pequena cidade rural. Juntos lançam-se num rodopio de partidas com lucrativas apostas mas à medida que sobem as paradas aparecem mafiosos e tudo fica mais perigoso.

O realizador de The Squeeze, Terry Jastrow, conhece bem a modalidade e quis assegurar que a estrela do filme sabia mesmo jogar. Segundo ele, tipicamente a credibilidade de um filme de golfe perde-se assim que o protagonista pega num taco. Para evitar que tal acontecesse o actor escolhido foi o estreante Jeremy Sumpter que tem handicap +1.1.

Passemos ao top 5:

Em quinto lugar aparece The Greatest Game Ever Played. Trata-se de um filme baseado na vida de Francis Ouimet, um rapaz de origens humildes que contra todas as expectativas ganha o US Open de 1913. Com Shia Labeouf (hcp 10) no papel principal trata-se de mais uma história desportiva do género que a Disney nos tem habituado. Apesar de alguns clichés e de um enfoque, por vezes, excessivo na luta de classes, é uma história de superação de obstáculos aparentemente intransponíveis e tem muitas e boas cenas de golfe. Acima de tudo o filme mostra às novas gerações o que de melhor há neste jogo de cavalheiros.

Num quarto lugar destacado surge The Legend of Bagger Vance, um filme com um elenco de luxo. De Will Smith a Matt Damon passando por Charlize Theron tudo contribuiu para o sucesso junto das audiências generalistas. A razão pela qual não coloco o filme mais acima no ranking é que o golfe em si acaba por ser uma mera muleta para avançar uma romântica história de redenção. Apesar disto, o filme não deixa de ter pequenas pérolas para o golfista como a relação entre os mitos Bobby Jones e Walter Hagen.

Em terceiro lugar fica Caddyshack. O clássico de 1980 segue o género inaugurado por Animal House poucos anos antes. Com vários nomes do stand-up da época, como Rodney Dangerfield, Bill Murray, e Chevy Chase, Caddyshack marcou uma geração com as suas piadas fáceis. A história é simples e aproveita-se de todos os clichés possíveis e imagináveis. Mas a verdade é que embora muitos considerem este filme o melhor de todos os tempos, é necessário apreciar o género o que basicamente divide os espectadores em dois grupos – os que adoram e os que detestam.

Num honroso segundo lugar surge Happy Gilmore, um dos melhores maus filmes de todos os tempos. Adam Sandler, ao seu estilo, traz-nos uma sátira da PGA. Gilmore é um jogador de hóquei no gelo que descobre que o seu shot se traduz em drives incrivelmente compridos. Para ganhar dinheiro Gilmore entra no tour mas nunca se adapta à cultura conservadora trazendo para a modalidade ruído, cor e agressividade. De uma forma tresloucada Sandler aborda uma das preocupações do golfe mundial: como atrair mais e diferentes audiências. Mas uma das principais razões para o filme estar no topo desta lista é que foi o único a deixar um legado: o swing à Happy Gilmore.

A medalha de ouro vai para Tin Cup. O filme está repleto de atores conhecidos e representa a arriscada aposta de, em 1996, fazer um filme mainstream de golfe. Roy “Tin Cup” McAvoy é um prodigioso profissional de golfe que não resiste a tentar shots impossíveis destruindo prematuramente com a sua carreira. A antiga rivalidade com o bem-sucedido David Simms (Don Johnson), inflamada por uma paixoneta pela psicóloga desportiva (Rene Russo), leva-o a tentar qualificar-se para o US Open e a partir daí vale tudo.

Trata-se de uma comédia romântica sem pretensões e cheia de momentos que se tornaram clássicos instantâneos como o poema sobre o que é um swing. Tin Cup fica no topo da lista não por ser uma grande obra mas por ser honesto, divertido e acima de tudo porque mantém o golfe no centro da ação. Para se preparar para o papel, Costner treinou com o ex-profissional e icónico comentador, Gary McCord, que também aparece no filme. Aliás, segundo consta a cena do pelicano foi inspirada num episódio da vida de McCord.

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*Gestor e sócio fundador do clube de golfe Tigres do Bosque 

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