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Quem é o próximo Melo Gouveia?
Crónica

O golfe requer profissionalismo desde tenra idade e só assim veremos mais portugueses a brilhar

Ricardo Melo Gouveia (24 anos) foi recentemente incluído no Top-25 Under 25 do European Tour (os melhores 25 jogadores abaixo dos 25 anos no circuito europeu). Trata-se de uma lista de jovens golfistas com grande potencial. Se olharmos para a época de 2015 na PGA dissipam-se quaisquer dúvidas sobre a qualidade desta geração de golfistas. Jordan Spieth (22 anos) ganhou o Masters e o US Open e fez-nos sonhar com o Grand Slam. Rickie Fowler (26 anos) quebrou o jejum ganhando o The Players Championship e Jason Day (28 anos) arrecadou o PGA Championship. No total, 4 dos 5 principais torneios foram ganhos por jogadores nascidos entre 1985 e 1995.

Sendo assim, devemos perguntar-nos se neste mundo de profissionalização precoce devemos continuar a sonhar com o potencial de trintões com dificuldade em passar cuts. Devemos também questionar-nos sobre o enaltecimento de amadores, com a idade de Spieth, que ainda debatem a possibilidade de um dia vir a ser profissionais.

Se o golfe português pretende vingar precisa rever este paradigma. Em vez de cultivarmos o nacional-porreirismo louvando o bom esforço de quem falha objetivos devemos olhar para o futuro e desenvolver atletas que daqui a 5 ou 10 anos terão, de facto, capacidade de competir ao mais alto nível.

Ricardo Melo Gouveia acabou 2015 na 83ª posição do ranking mundial. A palavra-chave é world, sendo que se é nesse palco que os portugueses querem estar é com esses jogadores que se devem comparar.

Tal como em outras modalidades, na adolescência é possível definir quem é que tem o talento e a dedicação para chegar aos grandes palcos. Caso o atleta decida apostar num caminho que leva à profissionalização necessitará de se dedicar a 100 por cento, o que passa por treinos diários no ginásio e no campo. Este terá de deixar as noitadas características da juventude e provavelmente terá de secundarizar os estudos. É uma decisão difícil e um caminho solitário com consequências pesadas porque talento e dedicação, só por si, não são garantia de sucesso.

Todos querem ser Tiger Woods, o mito, mas poucos estão dispostos a investir o que Tiger Woods, o jovem desconhecido, investiu. Enquanto pensarmos que o golfe não requer profissionalismo desde tenra idade não teremos o prazer de ver muitos mais portugueses a brilhar.

Trata-se de um problema circular: sem ecossistema de grandes jogadores é difícil atrair e formar novas estrelas e sem estelas é complicado estabelecer um ecossistema de excelência. Quem sabe não serão os jovens Pedro Lencart e Joana Silveira, vencedores do Campeonato Nacional Absoluto Peugeot, com 15 e 16 anos respetivamente, a lançar este novo paradigma.

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Gestor e sócio fundador do clube de golfe Tigres do Bosque

 

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