Não podia estar mais de acordo, a modernização do jogo era um imperativo
Ao fim de cinco anos de reuniões entre os gurus das regras de golfe temos fumo branco nos gabinetes da R&A e da USGA. Todo o processo foi particularmente moroso devido à complexidade e ambição do projeto. Como bem sabemos, a bolinha branca pode ir parar a qualquer lado e as regras têm que prever as situações mais insólitas.
As modificações propostas têm dois fios condutores: simplificação e velocidade. Para além da revisão de mais de 30 regras, os corpos decisores anunciaram que pretendem simplificar a própria linguagem com o intuito de facilitar a sua compreensão.
Não podia estar mais de acordo com o proposto. As regras do golfe precisavam de ser modernizadas. Aliás, ao ler muitas das propostas fico com a sensação de que se trata de uma aproximação ao praticado em muitas partidas de amigos. Partidas estas em que por acordo e com bom senso se facilita o jogo por forma a favorecer a diversão e o ritmo.
No green deixará de haver penalidade por inadvertidamente mover a bola ou a marca. Poderemos arranjar irregularidades como as deixadas pelos spikes dos sapatos e deixará de haver penalidade por puttar com a bandeira no buraco. Escusamos assim de esperar que alguém assista para metermos um “americano”.
Ainda no que diz respeito à cadência, recomendar-se-á a prática de ready golf,
dito de outra forma significa que se deve jogar assim que possível. O tempo limite para procurar uma bola será reduzido de 5 para 3 minutos e introduz-se um tempo recomendado para realizar o shot (40 segundos).
Deixará de ser obrigatório dropar a bola à altura do ombro e se acertarmos no nosso material, parceiro ou caddie não há penalização. Por outro lado, quando estivermos num bunker ou dentro de um obstáculo ser-nos-á perdoado se inadvertidamente tocarmos com o taco no chão. Outra boa notícia é que se movermos a bola, sem intenção, enquanto a procuramos também não há penalidade.
As comissões técnicas são diretamente endereçadas passando a ter mais margem de atuação. Estas poderão estabelecer penalidades locais para quebras de conduta pré-estabelecidas, como, por exemplo, falar ao telefone. O termo “obstáculos de água” é substituído pelo mais amplo “zonas de penalidade” que não requerem a presença de água. Dispositivos de medição de distâncias serão à priori permitidos e bolas cravadas, inclusive no rough, poderão ser recolocadas.
Nos torneios jogados em strokeplay não será necessário terminar todos os buracos. Isto se a Comissão Técnica estabelecer um resultado máximo por buraco.
Antecipe-se que as modificações propostas e ainda sujeitas a discussão entrem em vigor a 1 de janeiro de 2019. Até lá, vamos seguindo o debate que ainda dará pano para mangas. Por exemplo, com tantas alterações fará sentido criar regras para profissionais e outras para amadores?
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*Gestor e sócio fundador do clube de golfe Tigres do Bosque